sexta-feira, 18 de maio de 2012

Crise de identidade


O jornal britânico Guardian publicou há alguns dias uma reportagem sobre a recente visita da presidente Dilma aos EUA, ressaltando que ela não teve as mesmas honrarias que os representantes chineses e indianos tiveram. Com quem conversei até agora sobre o assunto, o motivo real disso seria o fato do Brasil não ser mais um paizinho subdesenvolvido e irreconhecível. O mundo agora sabe onde estamos, e muitos estão aprendendo que a nossa capital é Brasília, e não Buenos Aires, e que nós falamos português.


Com o reconhecimento de gente grande, viria o tratamento de gente grande também. Por isso, não seria mais preciso fazer uma festinha e oferecer espelhos para os dignatários brasileiros. Era bom se fosse mesmo verdade. Afinal, não é à-toa que brasileiro reclama de como somos retratados no cinema estrangeiro, principalmente o americano. A falta de veracidade pode ser bastante irritante, mas a maneira como somos interpretados também costuma ofender.

Exemplo disso são as inúmeras maneiras usadas para tirar dos brasileiros a autoria de coisas tipicamente brasileiras, ou até de dar uma identidade falsa a outras. E muitas vezes, a maioria das pessoas não tem a menor ideia de que isso acontece. Até há pouco tempo, eu desconhecia completamente como algumas coisas eram chamadas em inglês, mas resolvi juntar alguns exemplos interessantes para mostrar.

Um deles é o Brazilian Rum. Para quem não sabe, é como a cachaça é chamada em países de língua inglesa. Parece que o nome cachaça está finalmente para ser reconhecido como o nome oficial da bebida, diferenciando-o do verdadeiro rum. Porém a mesma sorte não teve ainda o Brazilian Jazz, a nossa querida Bossa Nova. Isso mesmo, a bossa não é um estilo totalmente novo e exclusivo dos brasileiros, é uma forma tropical de jazz. Vai saber o que levou alguém a pensar isso...

Nem o maxixe, uma dança mais do que nacional, escapou de uma comparação. No Reino Unido, ele é conhecido como Brazilian Tango. A capoeira também não é exclusivamente nossa, com características únicas e próprias, ao que parece. É apenas Brazilian Martial Art. E o nosso delicioso guaraná é uma Brazilian Cherry, uma cereja brasileira. O chinelo de dedo, por sua vez, é o Brazilian flip-flop, enquanto aquele tratamento capilar chamado de escova progressiva é um Brazilian Blowout. O que mais deve ter por aí, eu fico só imaginando.

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